Brasil: safra de batata de 2025 com perdas históricas e mudança de mercado
A safra de batata de 2025 será, sem dúvida, lembrada como um período de grandes desafios para os produtores brasileiros.
Após um ano de 2024 com margens sólidas, o excesso de oferta e uma queda acentuada nos preços levaram a perdas generalizadas. No entanto, o mercado demonstrou uma resiliência surpreendente nas últimas semanas, indicando que uma recuperação é possível.
O principal desafio para a colheita de batata de 2025.
Veja maisCotações de mercadoPreços de varejoViagens a feiras agrícolasServiços de transporteRega de batatasDados de produçãoPreços de atacadoPreços da batataServiços de análise de soloMateriais de embalagemO ano começou com perspectivas sombrias. As condições climáticas favoráveis levaram a uma alta produtividade e, consequentemente, a um excedente de batatas nos principais mercados. Esse excesso de oferta fez com que os preços despencassem para níveis insustentáveis.
Regiões como Vargem Grande do Sul (SP), uma das principais produtoras de batata, viram os preços médios para os produtores chegarem a cerca de R$ 30,00 por saco de 25 kg, um valor que não cobriu os custos de produção e resultou em uma perda estimada em aproximadamente R$ 1 bilhão para a economia local e áreas circunvizinhas. Para se ter uma ideia da magnitude desse revés, o mesmo produto era vendido entre R$ 140,00 e R$ 150,00 por saco em 2024. A tática de sobrevivência de deixar as batatas na terra por mais tempo, aguardando melhores condições de mercado, tornou-se comum.
O ponto de virada do mercado: por que os preços da batata estão subindo?
Felizmente, a segunda quinzena de outubro trouxe uma mudança significativa para a safra de batata de 2025. O mercado reagiu com aumentos substanciais, impulsionados pelo fim da safra em São Paulo e pela menor oferta devido às chuvas.
Dados da Cepea/Hortifruti Brasil indicam aumentos de preços que variam de 9,7% a 14,5% nos principais mercados atacadistas (São Paulo e Belo Horizonte). Ceasa Campinas registrou um aumento ainda mais significativo, com a batata Agata subindo 45,5% em apenas uma semana.
Essa recuperação evidencia a crescente dependência da região do Cerrado Mineiro em relação ao abastecimento interno durante esse período. A menor pressão de oferta vinda do Sudeste permite que os preços retornem a um patamar mais justo para os produtores que ainda possuem estoques ou estão em fase de colheita.
Custos, logística e um futuro sustentável.
Apesar do aumento dos preços, as margens de lucro para a safra de batata de 2025 permanecem apertadas devido aos custos logísticos. O diesel, insumo essencial para o transporte, registrou um leve aumento de 0,32% em outubro, pressionando ainda mais as operações.
Inovação como ferramenta de redução de custos
Em termos de inovação, iniciativas como a criação da primeira biofábrica pública na região de Pionero Norte (PR) — resultado da colaboração entre a UENP e o IDR-Paraná — apontam para um futuro mais sustentável e economicamente viável. A produção de bioinsumos gratuitos ou de baixo custo para agricultores familiares pode ser um fator crucial na redução da dependência de fertilizantes e defensivos agrícolas caros, aliviando assim a pressão sobre as colheitas futuras.
A ABBIN também destaca a batata como um elemento-chave na crescente tendência de alimentos à base de plantas, abrindo novas e promissoras avenidas de mercado para este tubérculo nos próximos anos.
Lições da colheita de batatas de 2025
A safra de batata de 2025 testou a resiliência. Embora as perdas iniciais tenham sido severas, a recente recuperação demonstra o dinamismo e a capacidade de adaptação do agronegócio brasileiro.
É fundamental que os produtores e a indústria permaneçam atentos às tendências de custos (diesel, fertilizantes), às políticas de crédito rural (especialmente após a restrição da linha de crédito especial para o Rio Grande do Sul) e, sobretudo, às estratégias de gestão de oferta e demanda para garantir a sustentabilidade e a rentabilidade nas próximas safras. A batata continua sendo um alimento básico na culinária e na indústria brasileira.
Fuente: abbin.org




