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Latam 16/11/2025

A diversificação da Batata Brasileira: como agregar valor no Agro

O setor da batata in natura no Brasil se encontra em um momento decisivo. A manutenção do status quo de commodity tem gerado margens de lucro apertadas e uma perda crônica de valor na cadeia.

A solução para essa estagnação é a diversificação da Batata Brasileira, uma estratégia que exige profundidade na diferenciação e uma mudança cultural em toda a cadeia produtiva.

A crise estrutural: o custo da dependência e dos problemas da variedade Ágata

O principal entrave para a valorização é a extrema concentração do mercado em poucas cultivares. A variedade Ágata domina o cenário, sendo responsável por mais de 80% das vendas no atacado em grandes centros e por aproximadamente 60% a 70% da área plantada no país. Essa dependência de uma única cultivar holandesa cria uma série de vulnerabilidades que vão além da simples saturação de mercado:

  • Risco de Mercado: A falta de segmentação faz com que o consumidor trate toda a batata como idêntica, garantindo o pagamento apenas do preço mínimo.
  • Vulnerabilidade Sanitária: A concentração torna a cadeia mais vulnerável a doenças, e a própria Ágata apresenta problemas específicos, como a fácil brotação, além do ciclo vicioso gerado pelo replantio informal.
  • Perda de Oportunidade: O foco impede a exploração de variedades com características superiores para nichos específicos.

O exemplo da valorização: a transformação do produto agrícola

Para que a diversificação da Batata Brasileira seja vista como uma meta alcançável, é essencial analisar casos de sucesso onde a diferenciação resultou em prêmios significativos.

O Brasil tem o exemplo do Queijo da Canastra, que, ao obter a Indicação Geográfica (IG) em 2012, viu seu preço médio de venda valorizar em impressionantes 214%. No cenário internacional da bataticultura, os cases demonstram o poder do branding e do terroir:

  • Idaho Potatoes (EUA): Através de um forte esforço de marketing que se estendeu por décadas, transformou o nome do estado em uma marca de qualidade superior, garantida pelo selo “Grown in Idaho®”.
  • Jersey Royal (Reino Unido): Batata nova da Ilha de Jersey, ela possui Indicação Geográfica Protegida (IGP) e é vendida como uma iguaria sazonal e exclusiva, recebendo o apelido de “o champanhe das batatas” pelo alto preço que atinge no mercado premium.
  • La Bonnotte (França): Esta variedade rara da Ilha de Noirmoutier é colhida manualmente por apenas algumas semanas ao ano. Sua escassez, aliada à história, permitiu-lhe alcançar o status de “batata mais cara do mundo” em leilões, baseando seu valor em um forte apelo emocional.

O roteiro da diversificação da Batata Brasileira: as Três Frentes de Ação

Para que o produto nacional crie as “batatas de boutique” e agregue valor, a ABBIN propõe três pilares de ação detalhados:

Aptidão Culinária e Nichos Gastronômicos: É imperativo desenvolver e disseminar novas cultivares que atendam a usos específicos. O mercado precisa aprender sobre batatas ideais para purê (mais secas), variedades específicas para fritura extra-crocante (com alto teor de matéria seca), e batatas que sirvam melhor para gnocchi ou saladas. Essa estratégia deve ser acompanhada de educação do consumidor, replicando o sucesso da segmentação de frutas (como Fuji e Gala).Selo de Origem e Terroir: A diversificação da Batata Brasileira deve explorar a identidade geográfica. O objetivo é identificar regiões cujas características de solo e clima conferem atributos únicos, permitindo a criação de marcas coletivas como “Batata da Mantiqueira” ou “Batata do Sul de Minas”. O uso da Indicação Geográfica é a ferramenta legal para proteger essa origem e o terroir.Certificações de Qualidade e Rastreabilidade: Para atingir nichos premium, é fundamental adotar selos de sustentabilidade e segurança alimentar. A certificação GLOBALG.A.P. é citada como exemplo já em uso por empresas como a Agrícola Wehrmann, que atesta a conformidade com padrões globais de produção responsável.

O desafio final e a chamada para organização

A implementação da diversificação da Batata Brasileira não é isenta de obstáculos. Os desafios incluem o medo dos produtores em arriscar novas variedades com o risco de rejeição do mercado e a complexidade logística e de rotulagem no atacado.

No entanto, o projeto é visto como um “jogo de soma positiva”. A superação desses obstáculos reside na organização coletiva – por meio de associações e cooperativas – para criar e manter selos de IG e marcas coletivas. É crucial que o setor trabalhe para convencer o varejo a expor e comunicar as batatas diferenciadas, garantindo que o produto brasileiro deixe o status de commodity anônimo e passe a ser reconhecido pelo seu valor e qualidade intrínseca.

Fuente: abbin.org


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