Brasil: São Lourenço do Sul sedia dia de campo da batata

O hábito do consumo da batata veio com a colonização alemã. Aos poucos, o produto estava na maioria das casas brasileiras e nas propriedades de pequenos produtores. Hoje, a produção na agricultura familiar já não é mais tão presente e encontra algumas dificuldades. Para amenizar este problema a pesquisa apresenta soluções em um dia de campo, que aconteceu na última quarta feira (17) no município de São Lourenço do Sul/RS, na comunidade São João da Fortaleza.

Os agricultores da região, conhecida por ser uma das maiores produtoras de batata do país, receberam da Embrapa informações sobre as cultivares estudadas pela pesquisa. O pesquisador Arione Pereira apresentou algumas delas. "Apresentamos as variedades que não são tão sensíveis a pragas, para que o produtor tenha conhecimento destas cultivares e comecem a produzi- las", comenta o pesquisador.

O foco da Embrapa foi mostrar aos agricultores que há cultivares de batata adaptadas à região, que atendem as exigências do mercado, apresentam boa produtividade e podem ser uma opção de renda. Para o município de São Lourenço do Sul/RS voltar a ser destaque na produção de batata, a pesquisa indica a produção de três variedades, a  BRS Cristal, BRS Catucha e BRS Clara. Estas cultivares apresentam características ideais para a região e são mais resistentes a pragas.

As principais variedades lançadas, ao longo do tempo, pela Embrapa foram a Baronesa (1955); Macaca (1965); Catucha (1995); Cristal (1996); Ana (2007); Clara (2010); Bel (2012); Camila (2015).

São Lourenço do Sul, um dos maiores produtores de batataO município de São Lourenço do Sul já foi um dos maiores produtores de batata do sul do Brasil, com 16 mil hectares de plantação. O auge do cultivo foi em 1991, mas hoje a produção disputa espaço com a cultura do fumo. Por esse motivo, a plantação da batata está diminuindo na região. No ano de 2004, se plantava 1,6 mil ha, mas com o passar dos anos a dificuldade em encontrar mercado aumentava. Desde 2012, apenas 400 destes hectares são destinadas à batata.

O produtor rural Armando Heller planta as variedades que eram cultivadas pelo pai. Uma cultura que já vem passando de geração em geração. Mas hoje, ele procura diversificar a produção com leite, feijão e milho. "Hoje, se o pequeno produtor depender só da plantação da batata encontra dificuldades para se sustentar", comentou Heller.

Já o produtor Edgar Schneider vende as sementes de batata. Segundo ele, a procura vem diminuindo. Os produtores buscam só a metade do que compravam antigamente. "Eles continuam comprando, mas hoje o solo está contaminado, as plantações apresentam muitas doenças, o que os deixa desmotivados", justificou Schneider.

Segundo o extensionista da Emater, Jairo Dora, a região perdeu a referência por vários fatores. Principalmente pela qualidade e mercado. "A falta de sementes de cultivares de variedades que sejam menos sensíveis as pragas, produtivas e que dêem qualidade ao produto é o que está faltando aqui na região", comenta Dora.

Após as palestras da Embrapa, da Emater/RS e o depoimento de alguns produtores, foi servido o almoço organizado pela comunidade São João da Fortaleza. Uma variedade de saladas, churrasco e receitas com a batata. O mais esperado foi o Rivals Pack, um prato característico da cultura alemã.